sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Arte

A gente tem que ficar atenta quanto às datas. Então correr para comprar ingressos (a preços extorsivos, mais as taxas de conveniência), com meses de antecedência. Bobeou, esgotou. Quando chega o dia da apresentação, tem que estar disposta, animada. Não se pode beber, senão dá sono, dá vontade de ir ao banheiro no meio do negócio. Tem que sair de casa com bastante folga, nunca se sabe o trânsito, a gente fica nervosa... Chegando lá, procurar um bom estacionamento, não tão caro. Caminhar até a sala de espetáculos e ficar na fila para pegar os ingressos comprados pelo telefone. Ainda bem que não choveu. Aí começam os perfumes. Entrando no lobby, tem que enfrentar o ar condicionado gelado e mais perfumes. A fila do banheiro de última hora, mas é melhor prevenir. A mocinha, sorridente: "posso ajudar?", "por aqui, à esquerda, senhora." Finalmente, a gente senta. Agora é rezar para que aquele altão que está entrando não venha justo para a cadeira à nossa frente. E para que aquela que quis impressionar o bofe com o último lançamento da Carolina Herrera não venha para o nosso lado. Isso quando é poltrona. Senão, são aquelas mesinhas horrendas para duas pessoas onde eles colocam seis. Para otimizar o espaço. Comes e bebes horríveis a preço de ouro. Terceiro sinal, começa. Ssssshhhhhh... Chegam os retardatários procurando seu lugar no escuro. Celulares, celulares, celulares. Só se vê aquele brilhinho da tela piscando por todos os lados. E as pessoas falam, se mexem, tossem, abrem balinhas. Celulares, celulares, celulares. O ar condicionado à toda. Não obstante, muita sainha, muito short, muita alcinha. Se perguntar, a maioria nem sabe quem está se apresentando. Mas sabe que é bacana, é preciso estar up-to-date. E quando acaba, muito aplauso em pé, gritinhos, pedidos de bis, seja lá para o que for. Acabou de vez. Horas para sair da sala, caminhar até o carro, sair do estacionamento. Vamos jantar? Ainda bem que foi lindo.

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