quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Wisdom

Tenho pensado muito no doutor Ernesto. Todos os dias ele me perguntava as horas. Várias vezes. E não ouvia a resposta. Ficava andando de um lado para outro com seus tremores parkinsonianos e dava um sorrizinho amarelo para quem cruzasse seu caminho. Ficávamos ali na copa, bebendo água ou café, e eu reclamava da vida, falava das manchetes do jornal, dos acontecimentos do trabalho. Ele ouvia calado. E no final, como que para me consolar, vinha a máxima: "tudo inutilidades". E ria aquele riso complacente que os velhinhos têm para os tolos jovens. Eu não estava acostumada, na minha família não tinha homens velhinhos quando eu era jovem e mais tola do que sou hoje. Acho que agora começo a entender o significado daquelas duas palavrinhas.

Um comentário:

  1. São muitas e muitas e muitas inutilidades... Mas a gente sempre tem a gente e o resto sempre será resto!

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